Desde 2014 a política voltou a ser bastante discutida no país. O estado de recessão econômica no segundo trimestre desse ano aflorou vários sentimentos, antes deixado de lado, por nós brasileiros. O debate de ideias, tanto voltadas para a esquerda ou para a direita, alcançou proporções jamais vistas. Todos ficaram mais a vontade para expressar sua filosofia e se manifestar publicamente contra os posicionamentos que achavam prejudiciais aos país.
A polarização da sociedade foi criada por grupos que insistiram em governos com base em ideologias fracassadas há décadas. Para isso, ações endossando quem oferece cargos comissionados para militantes políticos inábeis ou que paga subsídios para uma parcela da sociedade, usa estatais para alimentar financeiramente suas organizações e reescreve a história recente, surgem tentando justificar ações ilícitas dos principais membros dos recentes governos, transformando-os em heróis.
No dia 22 de março de 2014, milhares de pessoas foram às ruas em algumas capitais para protestar contra o governo regente e mostrar sua insatisfação com a situação do país pedindo várias melhorias em todos os setores. Entretanto existiam aqueles que, independente de movimentos de mudança, não acreditavam mais em soluções políticas e queriam um 'reset' no Brasil. Esse grupo povoa as páginas de assuntos militares e segurança pública, além de transitar nas redes sociais das Forças Armadas postando mensagens de incentivo para a intervenção militar.
Ao longo desses últimos cinco anos de insatisfação, vários líderes carismáticos surgiram para liderar as ações dos grupos intervencionistas. Alguns se dizem militares, outros com contatos no alto comando, mas todos com histórias absurdas e apocalípticas ou soluções milagrosas com militares no comando.
Mas como seria essa intervenção? Ela seria possível ser feita sem o disparo de tiros? Se essa intervenção tão sonhada por esse grupo realmente acontecesse quais os passos que o país tomaria? Essas são possivelmente as primeiras coisas que aconteceriam se a ditadura voltasse a ser o regime brasileiro.
1 - Tomada de poder
Uma reunião à portas fechadas seria feita entre os três comandantes militares, o chefe do Estado Maior conjunto e o Ministro da Defesa. A intenção seria decidir quem seria o líder do movimento. Depois os comandantes se reuniriam com os seus subordinados. Nessas reuniões se definiriam quais seriam as primeiras ações a serem tomadas e como enfrentariam o inevitável estado de caos que o país estaria.
2 - Do quartel para o resto
O governo e o regime seriam um espelho do funcionamento que já existe atualmente nos quartéis mas em escala nacional. Hoje em dia os soldados, sargentos e cabos são proibidos de lutar pelos seus direitos, não podem criar sindicatos e fazer greve e não elegem seus comandantes. São considerados pelos oficiais comandantes como 'corpos sem cabeça'. Obedecem a um comando indicado pelos governadores e presidentes, que é quem de fato tem o poder e manda. Então, transportando isso para a escala nacional não haveria liberdade política no país.
3 - Ligações
Para que a implementação da ditadura fosse possível, ligações com outras forças seriam necessárias. A polícia federal, que já tem uma ligação estreita com as Forças Armadas, seria informada de tudo poucos dias antes da primeira ação acontecer para que pudesse ficar afastada por alguns dias. Depois desse período de afastamento, ela acataria a instalação do novo governo formado pelos militares.
4 - Sem oposição
As lideranças de organizações da classes contrárias ao regime que se manifestassem seriam duramente reprimidas, assim como os soldados insubordinados. Os sindicatos seriam controlados diretamente pelos militares e os que fugissem do seu controle seriam extintos e suas lideranças presas, torturadas ou assassinadas.
5 - Recuperação à grandes penas
Ataques à classe trabalhadora seriam feitos continuamente para manter as taxas de lucro para o capital financeiro, principalmente para o pagamento da dívida pública, diante da crise econômica internacional do capitalismo. E os militares também não seriam contra os cortes na saúde, educação, previdência e assistência social.
6 - Ascensão de movimentos
Movimentos com o Movimento Sem Terra, Sem Teto, Central Única dos Trabalhadores (CUT) e partidos radicais como o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU), que são fiéis ao governo esquerdista se levantariam. Em alguns pontos eles conseguiriam colocar em prática suas táticas de guerrilha urbana que estudavam há tempos. Estudantes das universidades federais filiados aos diretórios estudantis se alinhariam aos militares de esquerda e marchariam para as grandes cidades para promover atos de vandalismo.
7 - Censura
Os meios de comunicação, hoje quase o principal pilar da sociedade, sofreriam bruscamente caso o regime fosse imposto no país. O regime militar, provavelmente procuraria ter controle sobre as atividades nas redes sociais, para garantir que nenhuma pessoa ou qualquer outro veículo de informação desestabilizassem seu poder. Isso aconteceu de 1964 a 1985 quando a ditadura foi imposta no país. Esse controle sobre as informações que circulam em uma sociedade, sejam elas notícias, críticas, músicas, publicações de qualquer que seja o tipo, é nada mais que censura à liberdade de expressão. Caso o regime fosse instituído, essa matéria por exemplo, seria proibida pela censura.
8 - Estado caótico
Que o Brasil passaria por um estado de caos generalizado é quase certo. Talvez esse estado durasse meses, pelas proporções continentais que o país tem. Mas é impossível prever essa questão. A única certeza é que seria um momento complicado. As exportações seriam prejudicadas, a produção e transporte de carne, leite e outros utensílios também. Hospitais e atendimentos de emergência também seriam afetados e várias pessoas poderiam morrer por conta do momento que o país estaria vivendo. A verdade é que muito provavelmente alguns dos que pedem a intervenção militar hoje acabariam tentando convencer os militares a recuarem por sua grande arbitrariedade.
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